Governo pode acabar com parcelado sem juros no cartão de crédito; ideia é baratear os preços e reduzir os juros aos consumidores que realmente precisam financiar.
Sabe quando os estabelecimentos oferecem o parcelamento em até 12 vezes “sem juros”? A verdade é que esse tipo de parcelamento sem juros não existe! Pode até ser que o consumidor possa pagar em até doze meses pelo mesmo valor que custaria pagar à vista, mas pode ter certeza que esse custo de financiamento está embutido no valor do produto.
Até mesmo o consumidor que paga à vista acaba por arcar com os custos de quem paga por compras financiadas “sem juros”.
Essa semana o Banco Central do Brasil revelou que o órgão regulador estuda junto aos bancos e ao Conselho Monetário Nacional (CMN), limitar a oferta de parcelamentos sem juros nos cartões de crédito do Brasil.
A tentativa do governo pode ser uma forma de baixar a taxa de juros dos cartões de crédito e, ao mesmo tempo, reduzir os preços aos consumidores, pois esse custo do financiamento a prazo não poderia mais ser embutido no valor do produto ao ser “bancado” pelos estabelecimentos.
Em outros países geralmente não costuma ser comum a oferta de parcelamento sem juros no cartão de crédito, pois o consumidor de lá já tem a noção de que não existe almoço grátis! Quanto maior o prazo de pagamento, maior é o risco e, consequentemente, maior é o custo do financiamento.
Há pagamentos parcelados que chegam a ter juros acima de 10%, mesmo assim muitos estabelecimentos optam por diluir o custo no preço dos produtos, pois sabem que a oferta de “parcelamento sem juros” é muito tentadora para o consumidor brasileiro que utiliza cartões de crédito como forma de pagamento.
Em um primeiro momento a iniciativa poderá frear o consumo, pois o pagamento parcelado é muito popular no país, mas, no longo prazo, poderá reduzir os preços e, consequentemente, a taxa de quem realmente precisa comprar parcelado.
A restrição do parcelamento sem juros no cartão de crédito poderá ter um carácter educativo, pois o consumidor brasileiro passará a ter a real noção do custo de um financiamento (de acordo com o número de parcelas). Ao ter que ofertar o financiamento de compras com juros aos consumidores as credenciadoras de pagamentos e as administradoras seriam forçadas a reduzir a taxa de juros para estimular o seu uso.
Essa não é a primeira ação regulatória para baixar os juros, em 2018 o governo passou a permitir que os estabelecimentos diferenciem os preços de acordo com a forma de pagamento, criando uma concorrência entre os meios de pagamento; essa iniativa teve, inicialmente, resistência dos órgãos de proteção ao crédito, mas em 2019 recebeu aval dos órgãos de defesa do consumidor.
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