Pagar menos que o total da fatura é um péssimo negócio, crédito rotativo chega a ter juros acima de 440% ao ano.
Ao receber a fatura do cartão de crédito o consumidor se vê diante de vários opções de valores para pagamento. A maioria dos bancos e administradoras de cartões de crédito aceita receber um pagamento mínimo, ou seja, o cliente pode optar por pagar um valor inferior ao total da fatura, contudo, a diferença entre o valor pago e o total é financiada com os juros do crédito rotativo do cartão de crédito, não por coincidência uma das maiores taxas do mercado.
Pagamento Mínimo: Como funciona
Por determinação do Banco Central do Brasil (BCB) o valor mínimo que as administradoras podem aceitar receber é de 15% do valor total da fatura. Então, se o total da fatura é R$100 o cliente pode pagar qualquer valor a partir de R$15,00. Se a fatura é R$ 1 mil, a administradora aceita receber qualquer valor a partir de R$150, e assim por diante.
O mínimo é uma solução adotada para os consumidores que não podem, não tem ou não querem pagar o valor total da fatura.
Exemplo prático:
Digamos que o valor total da fatura seja de R$2.289,80, o valor mínimo para pagamento será 15% desse valor, o que dará R$343,47. Isto significa que o consumidor titular deste cartão pode optar por pagar o valor total (R$2.289,80) ou qualquer valor a partir do mínimo (R$343,80).
Caso pague um valor inferior ao total a pessoa estará, automaticamente, financiando o saldo restante para o mês seguinte, com um detalhe, os juros serão um dos maiores do mercado, chegando a quase 500% ao ano!
O último levantamento do Banco Central, por exemplo, considerou que a MÉDIA de juros está em 447,5% ao ano. Embora existam administradoras que cheguem a cobrar ABSURDOS 813% a.a.
Por que o pagamento mínimo pode virar uma bola de neve?
Com certeza você já deve ter ouvido este termo “bola de neve”, ele é um termo apropriado para entender o que sua dívida pode virar caso usar o pagamento mínimo vire uma rotina no seu dia a dia. Para entender este exemplo é fácil: Imagine uma bola de neve relativamente pequena, agora imagine ela rolando em meio a neve. O que acontece? A bola só vai aumentando, pois ela vai se juntando aos flocos de neve que são formados no caminho. A mesma coisa acontece se você usar o pagamento mínimo sem controle, sua dívida só vai aumentando.
É comum encontrarmos leitores que dizem o seguinte: “Todo mês pago um valor entre o mínimo e o total na fatura do cartão de crédito, mas, a minha dívida só vai aumentando, é como se eu não efetuasse nenhum pagamento, pois a minha dívida só cresce.”
Isto acontece por um simples motivo: os juros do crédito rotativo do cartão de crédito são EXAGERADAMENTE altos. Qualquer dívida pequena pode se transformar em uma bola de neve com juros acima de 400% ao ano! Tanto é que a grande maioria dos consumidores que estão com o “nome sujo” (inadimplência no SCPC ou Serasa) é em virtude de dívidas com o rotativo do cartão, seja porque atrasou a fatura, fez um pagamento mínimo ou parcelou (financiou) a fatura.
Como se livrar de uma dívida com pagamento mínimo?
Caso a sua dívida esteja tão grande que não consegue mais pagar o valor total da fatura, seja por descontrole, desemprego, problema financeiro, etc, saiba que há uma luz no fim do túnel, é possível sair do vermelho e voltar para o azul! A primeira e talvez a dica mais importante é parar de gastar, se já está com dificuldade em pagar as dívidas que já possui, coloque o pé no freio, corte as despesas que forem desnecessárias.
Em vez de ficar pagamento o mínimo, entre em contato com a sua administradora e peça para negociar o valor da fatura. Busque uma opção de parcelamento que seja acessível pra você.
Cancele o cartão – Se suas dívidas estão muito altas, a solução pode ser cancelar o cartão de crédito. Sim, é um procedimento doloroso! Mas é necessário! Ao cancelar o cartão o cliente tem a possibilidade de negociar TODOS os débitos do cartão e não apenas a fatura do mês.
Com o cartão cancelado o titular acaba saindo do crédito rotativo e têm juros menores. Após pagar todas as suas dívidas você poderá solicitar um novo cartão. Negociar débitos com cartão cancelado é mais barato, pois os juros são menores, além de ser possível negociar o valor total da dívida.
Como ter saúde financeira e não entrar no pagamento mínimo
Aqui vão dicas essenciais para quem quer usar o cartão de crédito com consciência e não pagar mais juros para enriquecer os bancos e administradoras. Sabendo usar o cartão de crédito é uma das melhores ferramentas, ele aumenta o seu poder de compra ao permitir o parcelamento em até 12x sem juros (muitos estabelecimentos fazem isso), além de oferecer até 40 dias a mais para pagar, dependendo da data da compra.
Enumeramos algumas das principais e valiosas dicas para quem quer usar o cartão de crédito ao seu favor.
- Não compre o que não pode pagar – Comprar algo além da capacidade é um erro fatal no quesito finanças pessoais. Ainda mais com o excesso de ofertas parceladas. Nem sempre um produto é acessível pois é “parcelado”. Muitas vezes o custo da prestação não cabe no orçamento.
- Não compre aquilo que não é necessário – Quem já não comprou algo e depois de um tempo se arrependeu? Comprar algo desnecessário é mais comum do que se imagina. Ao pagar com cartão de crédito a pessoa acaba comprando o que não necessita pois não tem a ideia do quanto aquilo vai custar. Infelizmente muitos consumidores não têm a ideia de que cartão de crédito também é dinheiro. Avaliar a necessidade da compra é importantíssimo, responda a esta pergunta antes de efetuar uma transação. Preciso mesmo comprar isso? Quanto isso vai me custar? Posso substituir isso por algo mais barato?
- Cuidado com os parcelamentos, eles têm um custo – Há consumidores que só compram parcelado, tudo na vida deles têm o pagamento postergado para o futuro, quantos mais parcelas, melhor! Este é, também, um dos principais causadores do endividamento, pois a pessoa acaba perdendo a noção do quanto já gastou. Além disso, ninguém sabe quando vai ter um contratempo como: desemprego, problema financeiro, de saúde, etc. Infelizmente não há garantias de que o seu poder de compra será o mesmo daqui 10 meses, por exemplo.
- Seu limite não é salário – Alguns consumidores acabam ficando empolgados demais com o limite do cartão, muitos caem na ilusão de achar que o limite do cartão de crédito é um salário, é aí que muitos entram no vermelho. Esta falsa sensação é causada pelo fato do cartão de crédito aumentar o seu poder de compra. Mesmo sem dinheiro o consumidor consegue comprar, só quando chega a fatura que percebe que comprou demais e não tem como pagar.
- Não colecione cartões de crédito – Praticamente em todo lugar lhe será ofertado um cartão de crédito, lojas de roupas, companhias aéreas, concessionária de veículos, operadoras, bancos, etc. Os cartões co-Branded (que levam uma outra marca) se popularizaram pelo fato de atrair o consumidor. Não aceite cartões sem a necessidade, lembre-se de que eles tem um custo, anuidade custa caro!
- Não empreste o cartão a terceiros – Emprestar o cartão de crédito a terceiros é outro grande erro, nem sempre esse alguém é de confiança. Outro erro é fornecer um cartão adicional a alguém que não tem noção do quanto pode pagar. Limitar o limite dos adicionais pode ser uma solução.
- Pague sempre o valor total da fatura – Nem pense em pagar um valor menor que o total da fatura. Para não entrar no crédito rotativo que tem juros de mais de 400% ao ano é fundamental pagar o valor total até a data de vencimento.
- Não parcele a fatura – Junto com a fatura a administradora lhe envia um folder com as possibilidades de parcelamento. Parcelar a fatura não é um bom negócio, o parcelamento é o financiamento da fatura com os juros do crédito rotativo. Não vale a pena!
- Pague o total da fatura em dia – de nada adianta seguir todas as dicas se o pagamento da fatura não for feito em dia. Pague a fatura até a data de vencimento. Uma dica é cadastrá-la em débito automático no seu banco.
- Se for necessário, reduza o próprio limite – Se for para o seu bem, corte da própria carne, reduza o próprio limite! Isso pode limitar os seus gastos, evitando que gaste mais do que pode pagar.