Recentemente, noticiamos que as empresas de cartões – incluindo bandeiras, emissores, administradores e as credenciadoras – estavam estudando o aumento do limite dos pagamentos por aproximação sem senha no Brasil, cujo limite poderá passar de R$50,00 para até R$120,00. Infelizmente, parte da resistência de algumas empresas está atrelado ao risco de fraudes no Brasil, entenda o porquê.
Hoje em dia praticamente todos os cartões de crédito, débito, pré-pago e múltiplo contam com a tecnologia Contactless, que permite que o consumidor pague sem precisar inserir o plástico na maquininha. Para compras de até R$50,00 a senha sequer é solicitada.
As compras presenciais com senha são praticamente risco zero para as administradoras em caso de fraudes, pois a senha do cartão do titular é pessoal e intransferível. O prejuízo só recai sobre a administradora do cartão ou estabelecimento caso o pagamento fraudulento tenha sido efetuado sem a autenticação da senha.
Já nas compras pela internet o prejuízo da fraude pode recair sobre o site – por não ter tomado os devidos procedimentos de segurança para confirmar a identidade do comprador – ou ainda para a administradora do cartão. Caso o prejuízo recaía sobre o estabelecimento ocorre o chamado “chargeback”, que é quando o dono do cartão utilizado na compra entra em contato com a central de atendimento dizendo que não reconhece a transação, fazendo com que a emissora do cartão cancele unilateralmente o pagamento ao estabelecimento.
Aumentar o limite de compras por aproximação com cartão para R$120,00 significa aumentar o risco das empresas de cartões e, em menor grau, dos estabelecimentos. Cabe lembrar que o Brasil é um país violento, por isso não é difícil imaginar que haverá um aumento na utilização de cartões roubados, perdidos ou extraviados em estabelecimentos físicos, visto que o marginal não precisará de nenhuma senha para gastar até cento e vinte reais por transação, podendo efetuar múltiplas compras até esse valor.
Os grandes bancos e administradoras não devem sofrer impacto em relação a medida, já os pequenos emissores deverão ter um aumento significativo nos prejuízos com fraudes financeiras, visto que a maioria dos clientes não possui nenhum seguro no cartão de crédito ou débito.
No Canadá e na Europa o aumento do limite de transações sem senha foi benéfico, pois por lá não há tantas fraudes como no Brasil. Ademais, as autoridades policiais de países de primeiro mundo costumam investigar com rigor as fraudes financeiras, o que inibe muitas tentativas.